Agora é possível viajar do Atlântico ao Pacífico, foi inaugurada a Transoceanica. Conheça um pouco mais dessa fantástica rodovia que entre outros lugares passa por Machu Picchu. Acompanhe a r
eportagem de Marcelo Freire para a Revista Duas
Rodas Nº 435.
O BRASIL DESEMBARCA NO PACÍFICO
“Em
1956, quando assumiu a presidência do Brasil, o mineiro JK deu início a uma
série de projetos que buscavam um desenvolvimento rápido e intenso para o país.
A ligação (ainda por terra) de Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO) foi uma das obras
que fizeram parte desse contexto histórico e se tornou o embrião de um sonho
realizado apenas agora: uma viagem inteiramente asfaltada entre os oceanos
Atlântico e Pacífico.
Há
algumas décadas já é possível chegar à capital rondoniense sem enfrentar
estrada de terra, mas para ligar Porto Velho ao Oceano Pacífico, o projeto foi
mais engenhoso e envolveu um acordo entre Brasil e Peru, que decidiram asfaltar
diversos trechos para concluir a rota que pode começar no Porto de Santos, por
exemplo, e terminar no litoral do país vizinho.
A
ligação também era de suma importância para o estado do Acre e sua capital, Rio
Branco, no comércio com o Peru. Além disso, a pista é uma alternativa
interessante nas trocas de mercadoria com os países asiáticos, como a China,
porque evita as travessias mais longas (e caras) pelo Canal do Panamá ou pelo
sul da África, nos oceanos Atlântico e Índico.
A
construção não agradou apenas às empresas que buscavam uma rota interoceânica
minimamente decente, mas também aos motociclistas aventureiras ávidos para
cruzar o continente rumo ao oeste. A jornada virou realidade no início do ano,
com o fim das obras da rota interoceânica, com aproximadamente 6.000 Km asfaltados de
Santos (SP) ao Pacífico. Restou apenas uma balsa, sobre o Rio Madeira, na
divisa de Rondônia e Acre...
A
infra-estrutura da rodovia ainda está tomando forma, mas não se passa mais
aperto com combustível, por exemplo, apesar de o motociclista necessitar de
atenção e planejamento para não ser surpreendido – a distância entre os posto
pode chegar a 150 km.
Os hotéis e pousadas da região também suprem as necessidade básicas de estadia.
Já para a estrada repleta de pedras na Cordilheira dos Andes, um kit de reparo
para pneus é um item recomendável.
Não
importa o percurso escolhido: a temperatura irá baixar bastante. Uma manhã de
35° C em Puerto
Maldonado vira uma tarde de até -5° C, já na Cordilheira dos
Andes. A mudança de cenário, do verde da floresta para o marrom das montanhas,
do sol para a neblina, se dá em um trecho curto.
A
viagem tem então uma de suas principais atrações, que são os ‘caracóis’ e a
visão ampla da imensa cordilheira... O ponto mais alto da estrada é 4.725m, o
ar fica rarefeito.
A
partir dali, no entanto, vem a recompensa: no caminho de Lima, é possível
presenciar toda a hitória de Cuzco e Machu Picchu, além de lugares menos
famosos (e mais distante) como Caral, Chan Chan e Lambayeque, que ficam ao
Norte da capital peurana – ao Sul, estão as misteriosas Linhas de Nazca. Pelo
roteiro do Sudoeste, o grnade destaque é mesmo o Lago Titicaca, a quase 4.000m
de altitude no altiplano andino... Um privilégio agora ao alcance de qualquer
motociclista brasileiro.”